Corps de l’article

Figure 1

Fabiano Awa Mitã

-> Voir la liste des figures

Introdução

A Aldeia Renascer Ywyty Guaçu foi fundada em 22 de setembro de 1999 por cinco famílias indígenas Tupi-Guarani e Guarani. A ocupação foi comandada pelo cacique Antonio da Silva Awá e seu objetivo era reconquistar o espaço tradicional pertencente aos seus ancestrais.

Localizada aos pés do Pico do Corcovado, a Aldeia Renascer é considerada um atrativo turístico e cultural e possui hoje 15 famílias que ocupam 2.500 hectares de belas paisagens e rios de águas cristalinas. O local está aberto à visitação pública (porém é necessário agendamento prévio). A Aldeia possui ainda acesso à internet via satélite e uma escola – E.E.I. “Penha Mitãngwe Nimboea” – de educação infantil e EJA (Educação de Jovens e Adultos), inclusive com aulas bilíngues.

Em 1999, o local onde hoje está localizada a Aldeia Renascer era utilizado como espaço cênico-cinematográfico e foi palco do filme épico “Lá vem nossa comida pulando” – que retrata a história de aventura de Hans Staden ao registrar a vida dos índios do Brasil.

O artesanato é rico em detalhes e nos remete à origem e às necessidade da tribo, e cada peça produzida tem um rito a começar pelo tempo de retirada do material. Como eles seguem ainda o calendário natural, a matéria prima é estudada e colhida no tempo, tamanho e necessidade certa para a sua transformação. Aridjú acrescenta que existe a troca de material entre as tribos, como no caso deles, que trocam madeira e cipó por penas e outros adornos com os índios do Xingu.

Toda esta relação mantém não só a amizade e a confiança entre os povos, mas mantém laços fraternais muito importantes para manutenção da cultura indígena. Na Aldeia Renascer é possível avistar as plantações realizadas pelos membros da aldeia. São pés de palmito pupunha, mandioca, abacaxi e banana em grande roça e pequenas outras culturas no entorno das residências, como algumas plantas medicinais.

Fabiano Awa Mitã

Fabiano Awa Mitã é liderança da Aldeia Renascer e esteve presente no acampamento indígena da mobilização nacional “Luta Pela Vida” em 2021 e nos concedeu o seguinte depoimento:

Sou jovem, venho de uma família que todos conhecem e ainda estou aprendendo com as lideranças, com o movimento e com a luta. Estou presenciando este momento difícil, vou contar um pouco do mês retrasado, que aconteceu uma invasão no nosso território. Vocês conhecem a Mata Atlântica que é uma área ainda preservada, meu pai dizia que é o segundo pulmão do mundo, então a área que a gente vive tem muito minério, muita terra preta e a gente vive um desmatamento a céu aberto. Mas você vai para a polícia ambiental fazer a denúncia e ninguém fiscaliza e ninguém faz nada, isso seguindo ordens do governo, onde tem muita milícia. Não é só a questão ambiental, mas também na questão de crimes contra a sociedade, então a gente fica muito triste com esta situação. Nisso, até um técnico da Funai esteve junto com a gente na invasão do território e acompanhou esta invasão, mas aí veio a intervenção do governo e exonerou este técnico e a gente ficou muito chateado com isso. O território não é só do indígena, é de todos nós, tem um local turístico com cachoeira e é uma terra para todos e que as novas gerações podem desfrutar. Acho que com este movimento 100% a gente não vai resolver, mas já é um começo, sou jovem e estou vendo um governo destruindo não só o nosso povo, mas também a população quilombola e os caiçaras que estão sofrendo como a gente. É tudo muito difícil, então agradeço a participação de vocês relatando isso tudo, para que as pessoas possam entender o porquê estamos aqui.

(Coletivo Brasil 2022)

-> Voir la liste des vidéos

-> Voir la liste des vidéos